"ela veio agora da fisioterapia. duas horas ela ali deitada. de barriga para baixo. muitos pensamentos lhe passaram pela cabeça. ela teve tempo para pensar em muita coisa. no que não devia até. de repente bem aconchegada com o cobertor. e com o fundo das costas bem quente. deu-lhe uma enorme vontade de chorar. ela não sabe de onde veio aquilo. apetecia-lhe chorar tanto. como daquela vez. vez essa que já estava completamente ultrapassada. pensava ela. pensa ela. mas então porque seria. aquela vontade de chorar era igual. era igual aqueles dias que ela passou a chorar. conteve-se. e mentalizou-se que não havia motivo para tal. e também era vergonhoso. com aquela idade. aquele tamanho. ali sem ninguem lhe fazer nada. desatar a chorar. de vez em quando a fisioterapeuta vinha perguntar-lhe se estava a sentir dores com o tratamento. ela dizia que não. armada em forte. o pior foi quando veio a massagem final. ela estremeceu. doia-lhe muito. e aí veio outra enorme vontade de chorar. diferente daquela outra dali já esquecida. a vontade agora era de chorar como uma menina pequenina que em tempos ela foi. fofinha. mimada. frágil. meiga."